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Imbituba, Santa Catarina
06/2005
Quando eu era pequena meus avós moravam em uma chácara, então às vezes íamos passar uns dias lá para a época da produção de farinha de mandioca. Em uma certa noite um dos primos de longe do meu avô veio tomar um café da tarde com a gente. Minha avó estava preparando uma galinha ensopada para o jantar. Eles conversaram por algumas horas até começar o por do sol. O primo se levantou e começou a nos dar tchau porque já estava na hora dele ir embora. Minha avó insistiu para que ele ficasse até o jantar, mas ele recusou todas as vezes falando que realmente tinha que ir para casa. E assim ele fez, foi para casa. Mais tarde após o jantar todos já estavam indo deitar e apenas ficaram acordados eu, minha vó e meu outro primo que era uns anos mais velho que eu. Eu e ele estávamos jogando baralho porque éramos as únicas crianças acostumadas a dormir tarde. Após minha vó limpar a cozinha, ela pegou uma bacia com alguns ossos de galinha que sobraram e saiu para jogar na rua, pois tínhamos alguns cachorros que ficavam por ali, mas do sítio mesmo era apenas o Jaguar, um fila braileiro. Foi quando escutamos o grito da minha vó que passou pela porta como um raio e a trancou atrás de si. Minha avó parecia realmente em pânico. Ela nos contou que quando foi jogar os ossos um grande cachorro preto saiu do meio das árvores da chácara, ela achou que era um normal, por conta de sempre aparecer vários por ali. Mas ela se desesperou quando percebeu que ao lado dele, o fila parecia um cachorro de porte médio.Mas que ao perceber que os cachorros começaram a fugir ela também fugiu. Ela disse então que jogou a bacia no chão e correu para dentro da casa. Quando ela terminou de contar corremos para a janela que dava para a área de trás, escutamos os ossinhos se quebrarem como gravetinhos, e a sombra preta passando por baixo da janela. Ficamos em desespero e corremos para nós deitar. Na manhã seguinte estávamos incrédulos com o que tinha acontecido. Contamos para todos, mas ninguém acreditava. Mas então aquele primo que foi embora mais cedo chegou para tomar café. Minha avó começou a falar para ele que ele perdeu a janta de ontem, que por sinal estava maravilhosa. Então ele olhou para a minha avó e disse “é lógico que eu comi, estava maravilhosa, você não lembra do cachorro preto de ontem?”.
Submitted by:
Luiza