Esse relato não é meu. Encontrei-o enquanto caminhava pela floresta, em um dia atípico. Despertou em mim uma certa curiosidade, no momento em que o vi dentro de uma velha garrafa enterrada em parte na terra. A garrafa parecia antiga demais para nossos tempos, e velha demais para ter sido enterrada nos dias atuais. Eram notórios que o recipiente e seu conteúdo foram colocados ali cerca de cinquenta anos ou mais. Mesmo assim não dei muito valor à garrafa e à carta nos dias e anos que se passaram. Voltei a dar-lhes atenção depois de ter sido surpreendido por sonhos estranhos e outros acontecimentos no fim e início do ano. A carta intitulada “O anjo na floresta” fora encontrada por mim no dia 11 de março de 2020. O texto em escrita cursiva tinha o conteúdo da carta e as inicias P.A. no final. Eis a carta: “Naquela noite, enquanto eu caminhava pela antiga floresta, senti uma presença inexplicável ao meu redor. O vento sussurrava segredos antigos e os galhos das árvores pareciam se contorcer como se fossem mãos inquietas. Uma sensação arrepiante percorreu minha espinha, como se algo estivesse observando cada passo que eu dava. Tentei afastar os pensamentos, mas uma sombra indistinta se moveu à margem da minha visão. Meus passos se apressaram, o coração batendo descontroladamente, enquanto uma frieza gélida envolvia o ar. Tentei convencer a mim mesma de que era apenas a minha mente brincando comigo na escuridão da floresta, mas um presságio inexplicável me dizia o contrário. A sensação persistiu até que, de repente, uma luz brilhante e cegante cortou o céu noturno, dissipando a opressão do ambiente. Olhei para cima e vi algo que desafiava toda a lógica que conhecia. Uma figura etérea, com um brilho translúcido, pairava entre as árvores. Seus olhos emanavam uma luz suave, transmitindo uma paz inimaginável. A criatura parecia estar tentando me transmitir uma mensagem, uma sensação de serenidade misturada com um aviso solene. Aquela experiência mudou para sempre minha visão do mundo, deixando-me com mais perguntas do que respostas sobre o que é possível neste universo vasto e misterioso.” Tinha mesmo alguma coisa naquele lugar, que me trazia uma estranha sensação. Mas nada vi ou ouvi a não ser os sussurros comuns de uma velha floresta. Os próximos relatos que publicarei tratarão de eventos que aconteceram comigo, das coisas que vi e sonhei, além de mais cartas que encontrei. Translation: "This account is not mine. I found it while walking through the forest on an atypical day. It aroused a certain curiosity in me the moment I saw it inside an old bottle partially buried in the ground. The bottle seemed too old for our times, and too old to have been buried in recent days. It was evident that the container and its contents had been placed there about fifty years or more. Nevertheless, I didn't pay much attention to the bottle and the letter in the days and years that passed. I started paying attention to them again after being surprised by strange dreams and other occurrences at the end of the year and the beginning of the new one. The letter titled 'The Angel in the Forest' was found by me on March 11, 2020. The cursive handwriting contained the content of the letter and the initials P.A. at the end. Here is the letter: 'On that night, as I walked through the ancient forest, I felt an inexplicable presence around me. The wind whispered ancient secrets, and the branches of the trees seemed to twist like restless hands. A chilling sensation ran down my spine as if something was watching every step I took. I tried to dismiss the thoughts, but an indistinct shadow moved at the edge of my vision. My steps quickened, my heart racing uncontrollably, as a cold chill enveloped the air. I tried to convince myself it was just my mind playing tricks on me in the darkness of the forest, but an inexplicable omen told me otherwise. The sensation persisted until suddenly, a bright and blinding light cut through the night sky, dispelling the oppression of the environment. I looked up and saw something that defied all the logic I knew. An ethereal figure, with a translucent glow, hovered among the trees. Its eyes emitted a soft light, conveying an unimaginable peace. The creature seemed to be trying to convey a message to me, a feeling of serenity mixed with a solemn warning. That experience forever changed my view of the world, leaving me with more questions than answers about what is possible in this vast and mysterious universe.' There was indeed something in that place that brought me a strange sensation. But I saw or heard nothing except the common whispers of an old forest. The next accounts I will publish will be about events that happened to me, the things I saw and dreamed, and more letters I found."